terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A Faixa


Depois de ouvir Wianey Carlet tecer comentários sobre uma faixa (ao lado) um colorado envia-lhe o seguinte recado:

"Ouvi teu comentário sobre a faixa 'bem-vindo ao planeta dos macacos' no Beira-Rio. Dissestes que isso, de certa forma, autorizaria os gremistas a nos chamarem de macacos.
Primeiro, sobre o fato de os colorados se auto-intitularem macacos: isso é uma demonstração de que nós não vemos problema nisso. Para nós não é vergonha ser chamado de macaco, negro, mulato ou algo que o valha. Nem para os colorados 'brancos', como eu.
SOU MACACO SIM. Outros, entretanto, são notoriamente reconhecidos como racistas (o Grêmio é a lazio do Brasil).
Segundo: muitos torcedores (principalmente dos clubes vencedores e, por isso, bem-humorados), adotam a forma pejorativa usada pelos adversários ao se referirem a eles, como algo que os identifica.
Exemplo: os torcedores do River chamavam os do boca de bosteros porque os boquenses, de origem pobre, andavam de charrete enquanto os ricos do River já tinham carro (isso em meados do século passado). O caminho percorrido pelos hinchas do Boca ficava, então, cheio de merda de cavalo. A torcida do Boca se chama de 'bosteros' com orgulho até hoje.
O mesmo vale pro Palmeiras. Apesar do mascote ser o papagaio, seu torcedor se intitula de porco. Isso porque os adeptos dos demais times paulistas chamavam os palmeirenses de porco, devido a sua origem italiana. Em SP se diz que italiano não é muito chegado aos melhores hábitos higiênicos.
E o Fluminense? Não aceitava negros (como o Grêmio, último clube brasileiro a aceitar afro-descendentes). Contudo, depois que o Vasco se tornou grande (no primórdios do século passado os quatro grandes do Rio eram Fla, Flu, Fogão e America), devido ao tetra carioca ganho com um time formado basicamente por negros. Assim, os demais viram que estavam perdendo tempo. Só que o Flu era aristocrático demais. Então, passavam pó-de-arroz nos negros para que parecessem brancos. Todavia, mal começava o jogo e o suor demonstrava a farsa, que era delatada pelos presentes no estádio, que gritavam 'pó-de-arroz'. Hoje, os tricolores cariocas se chamam de pó-de-arroz.
CLARO QUE TEM AQUELES QUE NÃO ACEITAM E RELEGAM ESSAS PERCEPÇÕES DOS ADVERSÁRIOS , COMO OS BAMBIS (SÃO-PAULO), GALINHAS (RIVER) E COLIGAY / SMURFETE / TRICOLETE / BANANA-DE-PIJAMA (GRÊMIO).
Terceiro: o Inter não teve negro de imediato porque na época o futebol era elitizado e os negros nem tentavam entrar nossos clubes. Mas o Inter SEMPRE esteve aberto à negros e judeus, maiorias e minorias. O nome é Internacional em virtude disso. Outros repudiavam e não aceitavam negros nem gringos (que acabaram fundando o colorado para vencê-los tantas vezes depois).
Em quarto lugar: o que incomoda é o IMUNDO e não o macaco. A tal da letra que a torcida da avalanche (nem na Roma antiga se via tamanha 'amizade' entre homens) é assim:
Sou campeão do mundo Da libertadores também Chora macaco imundo Nunca ganhou de ninguém*
*Com a ressalva que o títulos citados estão presentes no gigante, que colorado não é imundo (é só comparar o Beira-Rio e o Olímpico para se ter essa certeza) e que, só do Grêmio, ganhamos mais de 100 vezes (e temos 20 vitórias em Gre-Nais a mais).
MAS EXISTE UMA VERSÃO COLORADA PARA ESSA MÚSICA:
Sou campeão do Mundo FIFA Da Libertadores também Só não jogo a segundona Nem torço na coligay
ABRAÇOS E SAUDAÇÕES COLORADAS,
Mateus Carilho"

Nenhum comentário: