segunda-feira, 30 de junho de 2008

Torcedor Fanático

Sempre me orgulhava quando ouvia dizerem que mais fanático que eu não existia, hoje sinto vergonha deste título. O Gre-Nal é uma farsa, onde muitos torcedores apaixonados fazem de seus clubes suas identidades. Declaram amor a um time como se fosse algo supremo. Vestem camisas como se fosse a própria pele, ou até mais que ela. E cantam gritos de guerra, loucos para ouvirem o canto contrário; não para ver quem canta mais alto, e sim para ter “motivo” para iniciar o espancamento coletivo.
Não vou dizer que nunca cometi loucuras ou briguei pelo meu time, mas não me orgulho das vezes que prejudiquei alguém ou fui prejudicado por conta disso. Muito pelo contrário, me arrependo. As pacíficas, até conto com certa naturalidade, mas já percebo que se um “rival” visse, poderia dar confusão.
Como sou interiorano ainda não vejo razões em deixar de usar as cores do meu time em qualquer ocasião, mas será que os jovens, há poucos dias assassinados em São Leopoldo, Jéferson Ferreira e Gabriel de Oliveira, também não tinham essa sensação de segurança?
Algumas pessoas perderam a identidade
. Não são mais Cicrano da Silva, ou Fulano da Silveira, e sim Cicrano Gremista e Fulano Colorado. Com isso, ganham inimizades, discórdias e, até mesmo, tiros; se é que se pode dizer que isso tudo é ganhar.
Se for amor, porque não aproveitar o melhor dele? Sendo tão lindo assim, não tem o porquê estragar ofuscando cada vez mais o brilho do futebol.
Acabei me decepcionando com o futebol. Tenho certeza que muitos outros também.
Torcedores apaixonados geralmente acham que todos também deveriam ser... e atiram exatamente naqueles que são igualmente fanáticos. E olha o busilis: mancham o escudo do seu clube e acaba com um semelhante, só porque ele é do time deles.
Publicado dia 11 de julho de 2008 no caderno KZUKA, da ZERO HORA.

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