segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

De volta pra Casa

Bem que meu amigo havia me alertado. Ele disse do risco de eu me apaixonar nessa viagem, relembrou excursões anteriores, cada uma, todas elas eu ou dou em cima de todas ou me apaixono por uma. Eu não dei ouvido às suas palavras. Sábias palavras.
Desta vez ,o encanto veio mais depressa do que de costume. Foi nos primeiros passos que enxerguei uma moça estonteante, digna de me fazer acreditar que a viagem seria boa, valeria a passagem.
Quando olhei, ela já me fitava dos pés a cabeça, seus olhos cor de mel brilharam logo na primeira troca de olhares. É claro que eu também gostei do que vi. Uma moça linda, sorridente, com uma cachoeira dourada lhe escorrendo aos ombros e a elegância de uma tigresa.
Enquanto estava acordado, durante a viagem, só voltava minha atenção ao que ela dizia a sua companheira de poltrona. Vi quando ela se referiu a mim:
_ O de cabelo crespinho ali atrás... Éééé lindinho neh!?-disse Taís, enquanto sua amiga, balançando a cabeça, concordava.
E eu só pensava nela. Taís, Taís, Taís. Pensava em tudo que podíamos fazer juntos na viagem. Acabei dormindo e, juro, sonhei com ela.
Minha irmã disse que, enquanto eu dormia, ela falava sobre mim e demonstrava afeição. Ai... a Taís...
Eu percebia que ela tirava fotos pretensiosamente comigo ao fundo. Quase sempre que eu a olhava, nossos olhares se encontravam e ela, envergonhada, disfarçava. E eu só pensava nela.
Taís. Taís. Taís...
Conversei com ela e descobri que não tinha namorado, que estudava, gostava de música gaúcha, torcia pro Inter, usou aparelho nos dentes (eu vi que um sorriso daqueles só podia ter sido esculturado por algum dentista), adora fotos(tem até um mural no seu quarto )e tem uma coleção de garrafas de bebidas, todas elas vazias.
Já estava tomado pela paixão, quando ela me disse que lutava karatê. Eu lutava e também adoro o esporte, muito mais do que futebol.
Muitos companheiros de excursão me diziam que ela reparava em tudo que eu fazia, que até sentava sempre de frente pra mim nos restaurantes. Me fazia de rogado, argumentava insistindo que era bobagem deles. Mas torcia para que fosse verdade.
Decidi que investiria num relacionamento com ela. Como faltava clima e sobrava gente pra empatar o lance armei toda uma programação para irmos a uma choperia. Convidei os que estavam cansados primeiro, pois quando os que ainda estavam dispostos vissem os outros dizerem que não iriam, também não aceitariam o convite. Só a Taís aceitou. Fomos. Nos deleitamos em chopes. E eu só pensava nela.
Taís. Taís. Taís...
Nem sei se o chope estava tão bom ou se tornava melhor pela companhia dela. E eu só pensava nela, só queria ela. Taís. Taís. Taís... Ah!! Seu perfume...Adoro aromas cítricos...
De repente, sem promessas, sem ameaças, sem nada, só na coragem. Toquei seu rosto e lhe beijei. Enfim encostei em seus lábios carnudos. Um beijo de alguns segundos, que para mim pareceram, no mínimo, trinta minutos.
Ela preferiu não contar a ninguém na viagem e continuar o romance quando chegássemos de volta à nossa cidade. Tudo bem. Eu já não vejo a hora de chegarmos, mas o ônibus pára em tudo que é praça de todas cidades que passamos. Tô louco pra falar com meu amigo, contar que me apaixonei de novo.
Cada metro de estrada pra trás, é uma contagem regressiva que vai de encontro à Taís.
E eu só penso na Taís, Taís, Taís...
Ainda bem que não dei bola pro alerta do meu amigo.
Taís. Taís. Taís...

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